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MAIS DE 50 ALUNOS E ALUNAS RECEBEM O CERTIFICADO DE CONCLUSÃO DO CURSO DE AGENTES JURÍDICOS POPULARES.

por cmf publicado 11/09/2019 08h50, última modificação 11/09/2019 08h50
O Centro de Direitos Humanos de Cristalândia, Dom Heriberto Hermes, em parceria com a (KAS) Fundação Konrad Adenauer, desde 2001 tem promovido um processo de formação e capacitação direcionado para lideranças urbanas e rurais em ampla diversidade.
MAIS DE 50 ALUNOS E ALUNAS RECEBEM O CERTIFICADO DE CONCLUSÃO DO CURSO DE AGENTES JURÍDICOS POPULARES.

Turna 2019 Agentes Jurídicos Populares

MAIS DE 50 ALUNOS E ALUNAS RECEBEM O CERTIFICADO DE CONCLUSÃO DO CURSO DE AGENTES JURÍDICOS POPULARES.

 

 

O Centro de Direitos Humanos de Cristalândia, Dom Heriberto Hermes, em parceria com a (KAS) Fundação Konrad Adenauer, desde 2001 tem promovido um processo de formação e capacitação direcionado para lideranças urbanas e rurais em ampla diversidade.

Nesse ano de 2019 aconteceu a 18ª Edição, realizado no final de semana, nos dias 06 e 07 de setembro, em que mais de 50 alunos e alunas receberam seus certificados de conclusão do Curso de Agentes Jurídicos Populares, através de noções básicas de direito na utilização de ferramentas jurídicas para melhor contribuir de forma prática na vida de suas respectivas comunidades.

O momento mais emocionante foi na solenidade de entrega dos certificados, ocasião em que houveram várias homenagens aos participantes e promotores do evento. O Orador Gilberto Correia escolhido pela Turma de 2019, batizada de “Sofhíe Weber” em homenagem a ex-Coordenadora de Projetos de Democracia e Estado de Direito da KAS, ressaltou em seu discurso empolgante e reflexivo “Caros formandos, visitantes, comissão organizadora, termina hoje a parte teórica do Curso de Agente Jurídico Popular e inicia exatamente hoje, a nossa jornada para continuarmos sendo a voz dos sem voz, a fala dos sem fala, os olhos dos sem olhos, as pernas dos sem pernas, os braços dos sem braços, a vez dos sem vez, parodiando o saudoso Dom Heriberto Hermes”.

Correia enfatizou também em sua oratória chamando a atenção para os problemas que tem ocorrido na Bacia do Rio Formoso, “É só virarmos os olhos para o que está acontecendo bem pertinho de nós aqui, nos Rios Formoso e Urubu, com o desenfreado uso da água para irrigar plantações e projetos econômicos, deixando à mercê, comunidades que sofrem com o “roubo’ de água, minando as forças e matando as condições de vida da população que depende dessa água, matando os peixes, animais e os próprios rios. É um verdadeiro genocídio, quando desviam água em prol da ganância empresarial dos fazendeiros, latifundiários e grandes grupos econômicos da produção que não respeita o outro lado, os moradores, o meio ambiente e afrontam inclusive as leis vigentes”.

Ainda trazendo fundamentos bíblicos e jurídicos, deixou uma mensagem aos novos agentes jurídicos populares de 2019, “E das nossas orações e ações. ORAÇÃO – ORAR E AGIR. AGENTE JURIDICO POPULAR – AGIR PELA DIGNIDADE HUMANA, PELOS MENOS FAVORECIDOS. SENDO “A VOZ DOS SEM VOZ, E A VEZ DOS SEM VEZ”, CONFORME GOSTAVA DE DIZER FREQUENTEMENTE E DE VIVER INTENSAMENTE, O SAUDOSO, MAS NUNCA AUSENTE, DOM HERIBERTO HERMES”, finalizou Correia.

Gilberto Krahô, aluno da turma de 2019, disse: “hoje eu sei a lei, como fazer a defesa de minha terra. Quando a minha terra era livre, eu tinha minhas caças, eu tinha meus peixes, tinha meu rio, tudo correndo na posição correta”. Krahô finalizou “Hoje cheguei aqui e estou muito emocionado. Hoje tenho outra visão, depois desse curso todo, agora tenho mais coragem, eu estou enxergando mais agora”.   

Já o advogado e professor Adilar Daltoé, tendo ministrado e sendo o facilitador do último módulo que tratou o tema Direito Trabalhista e Previdenciário, em que destacou “Eu saio daqui revigorado na esperança. O momento que estamos vivendo e que todos nós temos conhecimento é que determinados valores que nós entendíamos que estavam firmados na sociedade, como o valor da democracia, o valor dos direitos humanos não haveria retrocesso mais na história humana e que eram valores que tinham se enfincado na sociedade, infelizmente não é bem assim. Tem um certo movimento mundial em que a democracia e direitos humanos deixou de ser um valor em si para uma parte significativa da população, não diferente de nossa realidade aqui no Brasil”. Continuou, “Portanto, esse trabalho que está sendo feito aqui pelo Centro de Direitos Humanos de Cristalândia junto com a Fundação Konrad Adenauer é muito importante no sentido de sensibilizar as pessoas. Acho que esse é fundamentalmente nosso papel nesse momento, numa conversa que consiga superar essas visões de ódio, de antagonismo, a gente conseguir renovar essa fé na democracia, essa busca pelo respeito aos direitos Humanos”, finalizou Daltoé.

O assessor educacional Célio Roberto abordou falando da importância do curso em trazer para a vida prática em que “a turma desse ano teve a sensibilidade de construir uma carta pública sobre essa questão dos recursos hídricos da Bacia do Rio Formoso. Nós temos grupos que tem pedido a criação de Núcleos de Direitos Humanos e seus acompanhamentos, através de palestras, reuniões nas comunidades rurais, como urbana, em assentamentos”. Destacou ainda a participação dos povos indígenas dos Krahôs e Canelas do Tocantins, eu vejo que esse povo por mais simples que sejam tem esse comprometimento de ajudar outras pessoas e essa sensibilidade de colocar em prática o que eles aprenderam aqui nesse curso”.

Roberto disse também que “O Centro de Direitos Humanos de Cristalândia tem procurado trabalhar de forma bem pedagógica e que essa formação é para além do aprendizado aqui em sala de aula, mas que ela tem que ser levada para o dia a dia, na realidade, e que isso, é que vai mudar de concreto na vida dessas pessoas e na vida da comunidade onde ele está inserido”, concluiu.

A aluna Maria Luiza Campos, deixou sua impressão de todo o processo formativo, dizendo que “o curso de agente jurídico, ele traz para a população, para aqueles que participaram dessa capacitação, o conhecimento e essas pessoas vão poder estar atuando e ajudando a sua população local ou regional a não ter tanto seus direitos violados, porque o que hoje temos são pessoas que estão vendo ali acontecer, vendo seus direitos violados e muitas vezes não tem aonde procurar ajuda como fazer e esse curso trouxe para nós, como podemos ajudar essas pessoas e muitas vezes a nós mesmos”.  Disse ainda, “antes de iniciar esse curso eu tinha uma visão totalmente diferente sobre direitos humanos, porém, após ter participado, passo a ver de forma elementar e essencial, entendendo ser todos os direitos inerentes ao ser humano em suas necessidades e condições dignas”.

Samirah a primeira transexual a participar de uma edição do curso de agente jurídico popular, com empoderamento assim avaliou:eu como transexual, negra, militante vindo da ilha do bananal, remanescente de famílias tradicionais estou lisonjeada em participar desse curso, que permite nos conhecermos e conhecer o nosso próximo e nos fortalecer perante a sociedade, tendo  conhecimento pela luta, formas de lutar, como lutar e como nos defender”. Destacou ainda que “para promover direitos humanos temos que defender as bandeiras de todos, indígenas, negros, quilombolas, LGBT, todos aqueles que sintam a necessidade de serem defendidos. Disse também “que todos deveriam participar desse curso para se ter o desbloqueio para uma formação humana e é o que falta hoje em nossa sociedade”, relatou Samirah.

Reinaldo Timotheo Coordenador do Programa de Formação pela Fundação Konrad Adenauer, fez uma avaliação das expectativas de todo esse processo de capacitação através do curso, destacando suas impressões frisando que “minhas expectativas são bastantes positivas e a impressão é a de que essa turma, foi uma turma bastante comprometida com alto grau de aproveitamento, o conteúdo que foi passado de uma forma bem precisa e colocado em prática com conteúdo teórico, mas totalmente focado para algo prático, para que essas pessoas possam atuar, aonde tenha a necessidade e algum direito violado, para que elas possam ajudar outras pessoas em suas demandas a lutarem pelos seus direitos e pela dignidade humana”.

Por fim a Coordenadora Rosenildes Dias, avaliou todo esse processo que ocorreu no ano de 2019, manifestando a sua alegria com o sucesso e evolução de cada aluno. Esclareceu que “hoje totaliza em números aproximadamente 1030 pessoas que já concluíram esse curso, vale destacar que a sua maioria são da Prelazia de Cristalândia e do Estado do Tocantins, o que só temos a ganhar. Essa formatura na entrega dos certificados percebo a missão de nossa entidade como multiplicadora e estando no rumo certo. Mais de 50 pessoas concluindo essa formação”. E ainda: “pode-se dizer que a partir de agora são Rábulas na concepção popular de noções jurídicas, portanto, é uma alegria sem tamanho” finalizou a Coordenadora.

 

                                    Apoio: CDHC Centro de Recurso Humano de Cristalândia e Fundação Konrad Adenauer.